AUTO-AJUDA LITERÁRIA
Você
conseguirá organizar suas ideias para um romance, apesar do Brasil ser
governado por ex-militar que é incapaz de ter qualquer ideia, que certamente
nunca leu um livro, que não consegue expressar com clareza nem a própria
ignorância, que odeia tudo que se relacione com literatura, artes, cultura e tem
se esforçado todos os dias para eliminar qualquer traço de inteligência e
reflexão que ainda insista em sobreviver no país de seus sonhos.
Você
conseguirá escrever um romance, apesar do Brasil ser governado por aquele mesmo
ex-militar que se cercou das figuras mais nefastas que viviam escondidas nos
porões da civilidade e agora, usufruindo das benesses e do poder que o poder
público lhes confere, se esforçam todos os dias para nos lembrar como o ser
humano pode ser degradante, imbecil, sem noção, covarde, mesquinho, ególatra e
escroto.
Você
conseguirá editar seu romance, apesar do Brasil ser governado por um ex-militar
que optou, ou melhor, foi cooptado para servir aos interesses do governo dos
Estados Unidos e isso implica em, além de entregar nossas riquezas naturais e
de criar um ambiente econômico recessivo e dependente, coibir, inibir,
censurar, reprimir, podar, cortar, devastar qualquer possibilidade de
manutenção e de florescimento da cultura brasileira, seja em suas manifestações
tradicionais, seja na potência de seus criadores contemporâneos.
E você terá muitos leitores para o seu romance, apesar do ótimo trabalho
realizado pelo sistema que este tal ex-militar representa, que foi o de
incentivar as pessoas a liberarem seu ódio, seu desprezo pelo semelhante, sua
insensibilidade, sua cota de idiotia, sua imbecilidade, sua homofobia, sua
xenofobia, sua propensão à corrupção, seu racismo, seu patriotismo de fachada,
seu ufanismo de araque, sua paixão platônica pela ditadura, sua fissura pela
tortura, seu silêncio sobre a censura, seu servilismo à autoridade, seu tesão
recolhido por armas, seu belicismo, sua fé em pastores mercantilistas, sua
aversão à inteligência, seu medo do novo, seu medo do povo, seu prazer pela
derrota do que lhe é diferente, enfim, seu desprezo à vida e tudo que nela ilumina
e brilha.
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